domingo, 17 de fevereiro de 2013

A JUVENTUDE SE DIVERTE...

 
 Terminado o Carnaval, cabe alguma reflexão sobre as diversões. O Carnaval se tornou uma festa totalmente profana e nada edificante. Ao lado de desfiles deslumbrantes das escolas de samba, com todo o seu requinte, fantasias fascinantes, exposição de luxo, vaidade e também despudor, presencia-se uma verdadeira bacanal de embriaguez, orgias e festas mundanas, onde se pensa que tudo é permitido. Infelizmente, há muito tempo que o Carnaval deixou de ser apenas um folguedo popular, uma festa quase inocente, uma diversão até certo ponto sadia.
            Segundo uma teoria, a origem da palavra “carnaval” vem do latim “carne vale”, “adeus à carne”, pois no dia seguinte começava o período da Quaresma, tempo em que os cristãos se abstêm de comer carne, por penitência. Daí que, ao se despedirem da carne na terça-feira que antecede a Quarta-Feira de Cinzas, se fazia uma boa refeição, comendo carne evidentemente, e a ela davam adeus. Tudo isso, só explicável no ambiente cristão, deu origem a uma festa nada cristã. Vê-se como o sagrado e o profano estão bem próximos, e este pode contaminar aquele. Como hoje acontece com as festas religiosas, quando o profano que nasce em torno do sagrado, acaba abafando-o e profanando. Isso ocorre até no Natal e nas festas dos padroeiros das cidades e vilas. O acessório ocupa o lugar do principal, que fica prejudicado, esquecido e profanado.
Comovidos e chocados, choramos os jovens da boate de Santa Maria, rezamos por eles e lamentamos as graves negligências que causaram o desastre. Mas cabe uma reflexão de caráter geral: nos noticiários após a tragédia, pôde-se conhecer a imensa quantidade de boates ou casas noturnas que pululam nas cidades e como milhares de jovens as frequentam. E, segundo o testemunho deles, tomam bebidas alcoólicas antes, durante e depois das baladas, sem falar em outras drogas que aparecem nesses ambientes. Assim fica muito difícil ter bons reflexos em situações de perigo. Sexo, bebidas, drogas etc.: é só assim que se divertem nossos jovens? É dessa maneira que teremos uma juventude responsável, sadia, honesta e feliz, da qual virá o futuro? É só no pecado que conseguem se alegrar? É uma boa reflexão para a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo tema é “Fraternidade e Juventude”, que coincide com a Quaresma.
É claro que existe uma diversão sadia. São Francisco de Sales reflete: “A necessidade dum divertimento honesto, para dar certa expansão ao espírito e alívio ao corpo, é universalmente reconhecida... Muito defeituosa é aquela severidade de alguns espíritos rudes, que nunca querem permitir um pouco de repouso nem para si nem para os outros”. Mas ele recomenda a modéstia e a temperança nas diversões, guardando sempre o coração longe do pecado. E completava: “O barulho não faz bem e o bem não faz barulho”.
            Por isso, durante o Carnaval, os cristãos mais conscientes preferem se retirar do tumulto e se entregar ao recolhimento e à oração. Uma boa preparação para a Quaresma, tempo de penitência e oração, pelos jovens e pela Igreja, sobretudo depois da triste notícia da próxima renúncia do Papa. 

Dom Fernando Arêas Rifan

 Bispo da Administração Apostólica Pessoal  São João Maria Vianney

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