quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Santa Teresinha - Padroeira das Missões


Muitos cristãos ainda têm a distorcida idéia de santidade ligada apenas ao martírio, às grandes obras, aos grandes espaços, aos tratados de teologia, à sisudez e à severidade.

Se muitos santos, realmente passaram essa imagem (quase sempre muito mais elaborada pelos outros do que vivida pelo santo, mas muitas vezes, também, decorrente de uma mentalidade de época), Santa Teresinha do Menino Jesus muda o protocolo.

Talvez a primeira coisa que nos atraia profundamente nessa pequena carmelita francesa seja sua juventude, seu ar de menina, seu coração completamente de criança. Mas não foi como criança que ela decidiu, com toda determinação, aos 15 anos, enfrentar todos os impedimentos e entrar no Carmelo. Escolheu a melhor parte e essa não lhe foi tirada, apenas cumulada de graças sobre graças.

Aliás, Teresinha tinha uma viva consciência da ação de Deus em sua vida. Certa vez tendo recebido um feixe de espigas de trigo, pegou numa delas que estava muito carregada, a ponto de dobrar-se e comentou: “Esta espiga é a imagem da minha alma. Deus carregou-a de graças para mim e para muitos outros. Quem me dera viver sempre curvada ao peso da abundância dos bens celestiais, reconhecendo que tudo vem do alto”.

Entrando no Carmelo, Teresa não perdeu tempo e deu vazão a seu maior objetivo.Ela mesma escreveu, dizendo: “O desejo constante de toda a minha vida tem sido fazer-me santa; mas, sempre que me pus em paralelo com os santos, pude facilmente verificar que há entre eles e mim a mesma diferença que entre uma montanha cujo cimo se vai perder nas nuvens e um grão de areia que todos pisam aos pés sem darem sequer pela sua existência. Com isso não desanimei, mas fiz comigo esta reflexão: não vai Deus inspirar desejos impossíveis de realizar; apesar, pois, da minha pequenez, nada me impede de aspirar à santidade. Não posso progredir? Terei paciência para me ir suportando como sou, com as minhas imperfeições sem conta, mas hei de buscar meio de chegar ao Céu por algum caminho bem direto, bem curto, por uma sendazinha inteiramente nova”.

E ela conseguiu o que queria e realmente “inventou” um caminho novo, o menor, o mais fácil, aquele que Jesus recomendara tão claramente: “Se não vos tornares como crianças, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18,3).

A tarefa que pode parecer ingênua não o é. Tanto que “o caminho da infância espiritual” alargou-lhe o coração e deu-lhe o desejo missionário, a consciência da necessidade de rezar pelos missionários, pelo clero. Como criança, Teresa entende de fragilidade, de fraqueza, de dependência, realidades que os sérios adultos querem eliminar, esquecer. È reconhecendo a fragilidade que abrimos espaço para a presença de Deus, o que não significa que devemos esperar para agir, mas apenas agir, ser, falar na dependência do amor, da misericórdia, da sabedoria divina. É mais garantido. E Teresinha tinha absoluta certeza disso.

Se formos pensar bem o que ela fez, não há muito a se dizer, mas muito a se aprender, tanto que o papa João Paulo II proclamou-a doutora da igreja. Teresinha ensina a humildade, a paciência, à constância, à fidelidade dos pequenos gestos, o suportar os outros com amor, vendo na fragilidade do próximo uma ocasião de serviço, de uma palavra de conforto, de bondade. Teresinha ensina a ver longe, a viver a dimensão missionária de nosso Batismo, tanto que foi logo proclamada padroeira das Missões. Nosso coração não pode ter a dimensão dos espaços em que vivemos: deve ter a compreensão deles, sim, mas a dimensão dos horizontes dos quais não se pode ver o final.

Teresinha morreu aos 24 anos, de tuberculose, depois de um longo sofrimento que ela enfrentou sempre sorrindo, sem uma queixa, contente do prenúncio do encontro com seu Amado. Numa noite, poucos dias antes de sua morte, a irmã enfermeira veio lhe fazer uma visita e a encontrou acordada, de mãos postas, olhando para o céu. É perguntou a ela: “Por que está assim nesta posição? O que deve é tratar de dormir”. E Tereza respondeu quase sem voz: “Não posso, querida irmã, sofro tanto! Por isso é que rezo...”.A enfermeira insistiu: “E que diz então a Jesus?” Ao que a santa respondeu simplesmente: “Não digo nada. Entretenho-me a amá-lo”.

Que Teresinha do Menino Jesus nos ensine a ser crianças do Reino. Que sejamos bons seguidores desse seu caminho espiritual. Que sirva para nós o conselho que, na época de sua canonização, o papa Bento XV deu a um sacerdote: “Invoque-a com fervor, porque a vocação de Teresinha é ensinar os padres a amarem Jesus Cristo”.

E que dos céus ela nos mande uma chuva de rosas.

Santa Teresinha, rogai por nós!

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